sexta-feira, 2 de abril de 2010

Mais um Outono ...

Mais um outono chegou por aqui e dessa vez a estação trouxe dias muito quentes, 30ºC, 32ºC pela manhã, e noites mais frescas, além de um volume de chuvas considerável e até pontos de alagamentos no fim da tarde,  típicos do verão paulistano. Há uns quatro anos escolho o início do outono para tirar férias do meu trabalho. Esse ano foi diferente, escolhi o mês de junho por conta de uma viagem programada... Por conta disso, dia desses presenciei uma cena que é repetida anualmente durante essa estação aqui no meu local de trabalho e que pessoalmente nunca havia assistido por conta das minhas férias: a poda das árvores!

Onde trabalho há jardins, tem uma extensa área verde que envolve o estacionamento interno de veículos de funcionários. Há muitas árvores de raízes profundas, de bastante idade, há várias palmeiras e até ipês que florescem ainda no inverno. Bem ao alcance de meus olhos há também um arbusto que ainda está parcialmente colorido com flores que se assemelham às azaléas. Comumente trabalho ao som do canto de um ou outro pássaro que vez ou outra se choca com a janela do prédio pensando se tratar de sei lá o quê... Coisas extremamente cotidianas: som de pássaros, com som de gente, com som de motor de caminhão, com o som de vento, com som de apito de empilhadeira, tudo junto na rotina de uma indústria que prospera e se agiganta sob a sombra das árvores.

A poda para as árvores é necessária, esse procedimento implica cortar o que não serve mais à planta, e que está minando sua força vital. Esta prática fortalecerá a planta e propiciará condições para que ela floresça e frutifique novamente, de forma saudável. A poda ocorre geralmente no início do outono, pois quando chega o outono as folhas começam cair, ressecam-se e mudam até de cor, ganham uma aparência amarelada. Daí chega o inverno e a cena é ainda pior, o pouco verde some e a pouca vida que na árvore havia se resume a troncos e galhos embrutecidos, destacados pelo céu acinzentado da terra da garoa.

Quem olha pra árvore durante essa época não se entusiasma com o que vê e por certo desacredita que todo esse processo é indispensável para que a árvore volte a gerar vida, folhas, flores e até frutos: no tempo certo! E é exatamente isso: a estação que sucederá o inverno devolve à árvore tudo que ela perdeu, por causa daquela poda tão essencial e difícil de ser feita, ela fica ainda mais bonita!

Nossa vida também é assim, repleta de estações. Passamos pela alegria da primavera, por suas sensações, seu frescor e cor, pelo aroma das flores, pela leveza do clima e pelo ápice da beleza; e ainda não acabou. Em seguida é a vez da plenitude e intensidade do verão onde tudo é o máximo, o máximo do calor, do sabor, do amor, das férias, dos sorvetes, das compras, das chuvas, do Sol, do mar, da vida, o máximo das viagens, das promoções, da alegria e do vigor, tudo é demais, tudo é abundante, é farto como tem que ser; mas não acabou. Então chega o tempo do outono, onde as coisas são mais ou menos, onde tudo parece funcionar mais ou menos, a gente viaja mais ou menos, gasta mais ou menos, sente calor mais ou menos, sente frio mais ou menos, chove mais ou menos, o céu fica azul mais ou menos, não é como antes; as árvores começam a sentir os efeitos das folhas amareladas, caídas, desinteressantes, então chega a hora da poda e essa, definitivamente, não pode ser mais ou menos, mais ou menos não resolve; e ainda não acabou. Quando o outono se encaminha para o fim, chega finalmente o inverno, o inverno é difícil, é tempo frio, e é por vezes triste, o mais dá lugar ao menos, menos cor, menos chuva, menos calor, daí a gente se esconde em lugares quentes e aconchegantes, substitui o passeio na praia por restaurantes e até um simples filme com pipoca debaixo do cobertor é mais interessante para devolver a sensação de calor; as pessoas também se escondem atrás de roupas grossas, de botas pesadas, de caras fechadas, de corações fechados, de esperanças reduzidas e até, de sonhos frustrados. Mas ainda e, felizmente, NÃO ACABOU.
Quando o inverno atinge o extremo e fica difícil suportar, o milagre de Deus expresso na natureza anuncia a próxima estação. A árvore revive, se torna completa; ao cheiro das flores da primavera e ao som das chuvas de verão, os galhos podados voltam a crescer, as folhagens brotam, em seguida vem flor, vem fruto, vem vida, de onde muita gente podia desacreditar, de galhos secos, de troncos retorcidos, ela vive e gera vida outra vez... Muito mais abundante!

Nós também precisamos enfrentar dias de poda, precisamos passar por processos de aperfeiçoamento, por provações e privações, por lutas e dificuldades, por tristezas, pelo luto, por dores e frustrações; contudo, não podemos perder a nossa essência e necessitamos crer que a próxima estação não somente devolverá o que porventura perdemos, mas, sobretudo trará coisas novas, folhas novas, flores novas, frutos novos, esperanças novas, sonhos novos. Sim,! Vida nova, nova e melhor, porque isso é promessa de Deus para seus filhos a quem ele tanto ama, pois “Há esperança para a árvore, que, ainda que seja cortada, tornará a brotar, e os seus frutos não cessarão. Ainda que sua raiz envelheça na terra e o seu tronco apodreça no pó, contudo, ao cheiro das águas brotará e produzirá ramos como uma planta nova...” (Jó 14:7,8,9).

Esse processo tão duro que por mais doloroso possa parecer é indispensável para a vida das árvores e sua preservação, ao observar tudo isso nessa semana tive um grande ensinamento da parte de Deus sobre o tempo certo para alcançarmos Suas promessas. Assim, compreendi que é possível que a poda até seja dolorosa em nós e que a ferramenta usada pelo jardineiro seja firme e pesada, mas estejamos certos, será benéfico para nossas vidas e produzirá paz, alegria, amadurecimento e muitos frutos, ao tempo certo. Só entende o processo da poda quem acompanha a árvore em todas as suas estações, só aprende com os períodos difíceis quem não tem visão limitada, quem enxerga além, quem tem fé para esperar a próxima estação. Não existem tribulações as quais não possamos suportar, não existe cruz maior do que a que Ele mesmo, Jesus, o Filho de Deus carregou por nós, por amor a nós. “E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a paciência, e a paciência a experiência, e a experiência a esperança. E a esperança não traz confusão, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado.” (Romanos 5:3,4,5).

Obrigada Senhor Jesus, por nos ensinar em todos os momentos, até nos pequeninos detalhes de nosso dia-dia. Obrigada Pai por nos sustentar em cada estação, outono, inverno, primavera e verão.

N@hiana

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Obrigada pela visita e participação. Deus te abençõe!